quarta-feira, 6 de junho de 2012

Arqueologia


A Arqueologia é uma ciência social, seu nome vem do grego “Arqe” = antigo e “Logo” = estudo, ou seja, estudo do antigo. Esta ciência estuda o modo de vida das civilizações antigas, sua história, tecnologia, usos e costumes, etc. Tudo isto baseado em materiais, construções ou até mesmo detritos deixados por civilizações antigas e até mesmo contemporâneas Existem especialistas até mesmo no estudo do conteúdo das fezes encontradas em civilizações antigas. Esta ciência pode servir de grande ajuda para a História, para a Antropologia e até mesmo para outras áreas da ciência.


É uma ciência recente, iniciada no Século XIX, inicialmente com pessoas pagas por colecionadores, que, com a valorização atribuída aos objetos encontrados principalmente no Egito, comerciavam os mesmos, sem a mentalidade da preservação. Mark Twain fez alguns relatos de que na antiguidade os monumentos eram depredados, as múmias do Egito serviam até como combustível para caldeiras de locomotivas (Veja mais em:   http://www.fascinioegito.sh06.com/mumiacuriosa%203.htm). Posteriormente os governos passaram a entender o valor da preservação do patrimônio nacional. No Brasil, como sempre atrasado, começamos a valorizar a arqueologia na década de 60.


Muitas pessoas veem o trabalho do Arqueólogo, como algo romântico, principalmente os que assistiram aos filmes do Indiana Jones, no entanto, as coisas são um pouco mais complicadas do que pensa um candidato a aventureiro, ou um sonhador. Primeiro temos a identificação de um sítio, que pode existir em qualquer lugar, dentro das cidades, em florestas, desertos, no solo e subsolo marítimo, solo e subsolo de lagos, rios e até mesmo nos porões e quintais de nossas casas. Esta identificação pode ocorrer de forma acidental ou proposital.


Como exemplo de sítios arqueológicos descobertos de forma acidental, temos escavações de locais para construção de novos imóveis ou qualquer outra obra. Durante a preparação do terreno, são descobertas construções ou utensílios. Se o descobridor for uma pessoa que possua algum conhecimento, ou até mesmo um treinamento especial, pode dar o alarme e chamar os responsáveis para que então se tomem as providências. A primeira delas é parar a escavação e chamar os arqueólogos, para que não sejam danificados os artefatos porventura encontrados.  Isto, entretanto não ocorre de forma tão frequente quanto apresentado. Existem interesses comerciais, portanto, alguns responsáveis por escavações escondem o ocorrido por receio a ameaças ao seu empreendimento. Vencidos estes obstáculos, ainda temos as exigências ambientais, e as burocracias governamentais, principalmente se a equipe de arqueólogos não é oriunda do mesmo país da escavação. Isto ocorreu de forma bastante extensa no Egito. Existem também, os problemas de ordem religiosa. Como exemplo, temos Israel, que é um país com uma extraordinária riqueza arqueológica, onde existem casos de escavações interrompidas em virtude de terem sido descobertos corpos humanos, o que viola a proibição da exumação de corpos pela religião judaica.


Hoje em dia, algumas empresas com responsabilidade social, treinam seus funcionários para, no caso de encontrar algo, mostrar aos seus superiores e algumas estão até contratando arqueólogos, mas isto é raro.  Um caso famoso é o de Frankfurt, cidade arrasada pelos bombardeios aliados na segunda guerra mundial. Durante as obras de reconstrução, foram descobertos vestígios de uma cidade anterior, e hoje estes vestígios estão à exposição no subsolo do museu de história na praça Römer.


Existem casos em que o arqueólogo, baseado em dados escritos em documentos, se dirige até o local para então fazer prospecções. Hoje em dia é muito facilitado, devido á existência de equipamento sofisticado para, antes de começar a escavar, verificar se existe algo no local, poupando tempo e dinheiro. Embora a arqueologia se baseie em provas materiais sobre um acontecido, nem sempre estas provas são suficientes para se determinar a veracidade dos acontecimentos, pois o material existente não nos transmite dados para atestar que tal situação ocorreu naquele local. Um exemplo interessante é o das escavações realizadas por Heinrich Schliemann (http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/HeinrSch.html Acesso em 08 04 201), onde supostamente existiu cidade de Tróia, que é fonte de polêmica até hoje. O escavador encontrou 3 cidades que floresceram em tempos diferentes.


Existem ainda evidências que estão expostas, sem necessidade de escavação, como por exemplo os desenhos rupestres, encontrados em diversas cavernas pelo mundo, inclusive no Brasil, ruínas de castelos ou outras construções, em alguns casos apenas cobertos pela vegetação. Como exemplo, podemos citar a descoberta de Machu Pichu, feita pelo Estadunidense Hiran Bingham e 1911.


A primeira parte do trabalho do arqueólogo, na descoberta de um terreno, é a varredura, que delimita o sítio, através de sondagens que podem ser feita fisicamente, por sondas mecânicas e até por sondar sonar/radar.


A segunda parte é a construção do sítio, onde na maioria das vezes são encontrados apenas fragmentos de vasos e ossos, que terão que ser montados posteriormente. O trabalho de escavação é delicado, utilizando como instrumentos, pincéis colheres de pedreiro, e até mesmo talheres de cozinha (garfos, facas, etc), pois há necessidade de desenterrar o artefato sem provocar danos, portanto, todo cuidado é pouco. Em alguns sítios há um cuidado em peneirar toda a terra encontrada, pois os artefatos estão em tão mal estado, que terão que ser montados, feito quebra-cabeças de 2000 peças. O cuidado com o sítio também é muito importante, necessitando conhecimentos de engenharia, geologia e até eletrônica, para manusear os instrumentos mais modernos de prospecção em sítios, muitas vezes afastados dias da civilização. Hoje em dia o cuidado com a segurança (desabamentos, etc.), cuidado com o ambiente e a natureza, também são muito importantes.


Existem ciências que estão fortemente ligadas à arqueologia, podemos citar: História, Antropologia, Engenharia, Paleografia, Linguística, Sociologia e até mesmo Criminologia, além de outras. Hoje no Brasil, há um aumento de investimentos na arqueologia em nosso solo, portanto há um grande número de oportunidades de trabalho para que quiser iniciar na matéria.


Um principiante pode iniciar na Arqueologia? Sim, pode. Contanto que tenha alguns cuidados, como por exemplo não realizar escavações sem ter conhecimento de regras de segurança e do terreno, verifique antes, o impacto ambiental de sua escavação. Existe a venda no mercado, detectores de metais onde o principiante pode adquirir e já ir iniciando. É uma atividade salutar, que, na maioria das vezes proporciona contato com a natureza e com as pessoas. Aconselho iniciar buscas em locais longe da civilização, onde há ausência de interferência humana atual. Lembre-se, ao localizar um objeto, por mais óbvio que pareça, submeta-o sempre a algum historiador, antropólogo ou arqueólogo conhecido. Seja bem detalhista, tenha atenção aos detalhes, investigue bastante, tenha um conhecimento ainda que rudimentar de obras de arte. Cuidado, não vá escavar o terreno do vizinho sem sua autorização! No Brasil já existem sítios arqueológicos importantes como: Ceará, Goiás (Brasília está começando a ser interessante), Minas Gerais, e Piauí.  Quem sabe você não fará uma descoberta importante?


Existem bons cursos no Brasil, tanto de graduação como pós-graduação e como todas as disciplinas, existem também diversas especialidades.


(veja alguns em : http://arqueologiaegipcia.com.br/2011/05/05/cursos-de-arqueologia-no-brasil/.) Os empregadores podem ser empresas de engenharia, museus, universidades e demais entidades ligadas á memória e conservação do patrimônio. Existem até empresas dedicadas exclusivamente à arqueologia.


Embora cada país tenha uma legislação diferente para o exercício da profissão, no Brasil, segundo a Sociedade de Arqueologia Brasileira, em seu documento : “Proposta de Níveis de Qualificação Profissional para o Exercício da Arqueologia” encontrado em (http://www.prsp.mpf.gov.br/sala-de-imprensa/pdfs-das-noticias/CRITERIOS%20MINIMOS%20-%20FINAL.pdf), podemos categorizar os profissionais de arqueologia como: 



I.                  Auxiliar de Pesquisa: Ao auxiliar de pesquisa é vetado qualquer tipo de coordenação, assinatura de projetos ou de laudos, podendo trabalhar somente sob a supervisão direta de um arqueólogo  júnior,  sênior ou pleno. Nesta categoria, o tempo de experiência não consistirá em uma variável relevante. A única forma do  auxiliar de pesquisa  ascender na hierarquia será cursando uma graduação ou pós-graduação específica em arqueologia.


II.                 Arqueólogo Júnior: Aos arqueólogos enquadrados na categoria júnior é permitida a coordenação de trabalhos de campo e de laboratório sob a supervisão de um arqueólogo sênior ou pleno. É vetada a assinatura de projetos ou laudos. Nesta categoria, o tempo de experiência não consistirá em uma variável relevante. A única forma do arqueólogo júnior ascender na hierarquia será, no caso daqueles com graduação em áreas afins, cursando um mestrado específico em arqueologia ou com área de concentração em arqueologia. Aqueles com bacharelado em arqueologia poderão ter a opção de cursar  mestrado em áreas afins com dissertação versando sobre arqueologia.


III.                Arqueólogo Pleno: Aos arqueólogos enquadrados na categoria pleno é permitida a coordenação de trabalhos de campo e de laboratório bem como a assinatura de projetos ou laudos.  Nesta categoria, o tempo de experiência consistirá em uma variável relevante.


IV.               Arqueólogo Sênior: Aos arqueólogos enquadrados na categoria sênior é permitida a coordenação de trabalhos de campo e de laboratório bem como a assinatura de projetos ou laudos.”


Por experiência própria, posso afirmar que arqueologia é uma profissão interessante, cheia de desafios e que mudou a minha vida.
Boas escavações.


Bibliografia:


- FILIPPO, Raphael De, Arqueologia Passo a passo, 2011; São Paulo, Cia das Letras. 72 p.
- FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Arqueologia; 2003; São Paulo, Contexto, 126 p.
- PROPOSTA DE NÍVEIS DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL PARA O EXERCÍCIO DA ARQUEOLOGIA, Sociedade de Arqueologia Brasileira, in  http://www.prsp.mpf.gov.br/sala-de-imprensa/pdfs-das-noticias/CRITERIOS%20MINIMOS%20-%20FINAL.pdf, Acesso em 10-04-2012