terça-feira, 10 de novembro de 2009

O louco


Dizem que sou louco.
Por pensar assim.
Se sou muito louco.
Por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz!
E não é feliz!
Não é feliz.............
Assim dizia Rita Lee em sua “Balada do Louco”.

O que é loucura ?
Sou eu o louco, ou o resto é que é louco?

Esta é a principal pergunta que este arcano faz quando aparece em nossos jogos. Já começa pela sua principal diferença: nos outros arcanos há um número na parte superior, mas não no louco. Louco é diferente. Muitos procuram atribuir-lhe o valor 0 ou 22 em mais uma tentativa de racionalizar a loucura.

Vamos tentar ler a figura acima, representada no Tarot de marselha. Vemos uma pessoa, um homem que caminha com um bastão na mão direita. A posição dele é uma proeza de contorsionismo, pois está de costas, mas seu rosto, bem visível, aparece meio que de esguelha, com uma pálida face, e uma barba um pouco embaçada. Em cima do ombro direito leva uma vara como uma pequena trouxa, que dá idéia de que está se mudando, ou andando sem rumo, ou também uma idéia de largar tudo para trás e sumir. Coisa que muita gente quando está de saco cheio com as coisas fica “louca” para fazer.

Ele, o louco, está vestido como um bobo da corte medieval. O interessante é que sua calça está rasgada por um animal meio indescritível, parece um cachorro, mas muita gente atribui outro animal. Caminha sobre um solo cheio de altos e baixos de onde nascem cinco plantinhas. A cabeça está coberta por um gorro meio esquisito, que desce até a nuca e lhe cobre as orelhas; esta estranha touca se confunde com o seu cabelo. Veste uma jaqueta, presa por um cinto amarelo; seus pés estão cobertos por calçados vermelhos.

Não existe um consenso entre os que se dizem entendidos e os que jogam o Tarot, os significados são os mais diversos. Vou fazer um resumo em uma palavra só. Representa o libertador “foda-se”.

Se eu pudesse criar meu próprio Tarot, eu o representaria por uma figura folclórica lá da Petrópolis dos anos 60, onde nasci e cresci. Havia um personagem folclórico, um senhor de idade já avançada, que vivia perambulando pelas ruas da cidade. As crianças quando o avistavam gritavam:

- O INSS vai acabar !!!!!!!!

Era ouvir a frase, e o senhor calmo e afável se transformava, começava a gritar impropérios, xingando e ameaçando todas as pessoas que passavam, com uma ira tal, que por diversas vezes pensava-se que ia enfartar. Após um determinado tempo, instantaneamente ele esquecia tudo e voltava a ser o senhor afável que sempre foi, mas bastava alguém gritar a frase novamente e começavam os xingamentos e o senhor metamorfoseava-se como se fosse um Hulk da vida real. Tentei por diversas vezes conhecer a história deste personagem, mas as estórias eram tantas, com tantas versões que não vi credibilidade em nenhuma delas. Mudei de cidade, e nunca mais ouvi falar do “velho do INSS”.

Outra figura interessante era o Bem-te-vi. Também era um senhor circunspecto, que ao ouvir pessoas assobiando imitando a ave, modificava totalmente e ficava vociferando palavrões por um momento, e depois voltava a ser o senhor circunspecto de antes.

Existia o “Fecha a porta” era um senhor que vivia conduzindo umas charretes de aluguel, que ficavam em frente ao Museu Imperial para levar turistas a um passeio pela cidade. Não sei por que motivo, mas quando passava pelo meu bairro a garotada gritava:

“Fecha a porta Capivara”!!!

E o senhor saia dando chicotadas para todos os lados tentando atingir a molecada, que não tinha nada para fazer.

Todos nós temos algumas chaves que disparam certos processos, sejam eles os famosos calos, ou outros fatores, tais como a famosa “Gota D´agua”. Newton Bonder, em seu livro, a Cabala da Comida, do Dinheiro e da Inveja, nos diz que o ser humano se faz conhecer por três fatores, pelo bolso, pelo copo e pela ira. Através destes três fatores o ser humano por mais que tente esconder, acaba mostrando o seu verdadeiro lado, quando bebe, quando fica com raiva, quando fica rico, ou detém algum poder.

Cuidado pessoal, não se pode confundir: Louco não é bobo nem é burro.
Os loucos são felizes, não há nada mais feliz do que a insanidade, mas isto é papo cabeça para uma mesa de bar, depois da segunda garrafa de vinho. Adoro isto.

Cada um com a sua loucura.
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